Apesar dos benefícios da tecnologia, uso desses insetos ainda
pode ser caro para a rede pública de saúde
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Em breve o Aedes aegypti do Bem será utilizado em lugares onde o risco de epidemias é mais alto e ou onde as ferramentas atuais têm se mostrado ineficazes |
A criação do mosquito geneticamente modificado, também
conhecido como mosquito transgênico, tem ganhado espaço no cenário brasileiro.
A tecnologia, que ainda está sendo inserida no Brasil, busca controlar a
população do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, e reduzir os
casos da doença no País.
Segundo a doutora em Ciências Biológicas Margareth Capurro, um dos benefícios para a utilização de mosquito transgênico é a diminuição no uso de inseticidas. “O uso do mosquito modificado sempre foi pensado como forma integral de controle integrado. Se existe um mosquito que vai reduzir a população natural, então não é necessário tratar áreas com inseticida, que é altamente tóxico”, explicou.
Viabilidade de implementação
De acordo com a doutora Margareth Capurro, uma das
dificuldades para o uso de mosquitos transgênicos – como o desenvolvido pela
empresa inglesa Oxitec – é a linhagem utilizada, atualmente feita por meio da
separação de macho e fêmea. “Uma das vantagens que vimos ao fazer os testes é
que há um campo para o desenvolvimento de novas linhagens, que seriam mais
apropriadas para um sistema de implementação no Brasil”, apontou. Ainda de
acordo com ela, há uma tentativa de melhoria no projeto para fazer com que o
programa fique mais barato e mais eficiente.
Mas, segundo a doutora, a linhagem atual geraria um custo
muito alto como programa de saúde pública. Isso porque, atualmente, somente
cerca de 25% da produção é aproveitado, sendo o restante descartado. “O que
acontece é que hoje temos uma visão do que podemos melhorar nas linhagens, para
que a gente consiga usar 100% da produção”, ressaltou.
A tecnologia
A Oxitec criou o mosquito transgênico OX513A, conhecido
como Aedes aegypti do Bem. O inseto pode ser usado em
todas as áreas em que está presente o principal transmissor da dengue, da
chikungunya e da zika. “Nos próximos anos, iremos focar em utilizar o Aedes aegypti do Bem em lugares onde o risco de
epidemias é mais alto e ou onde as ferramentas atuais têm se mostrado ineficazes
para controlar o mosquito selvagem”, explicou o diretor da Oxitec no Brasil,
Glen Slade.
A tecnologia já está sendo utilizada nas cidades de
Jacobina, na Bahia, e em Piracicaba, em São Paulo. Agora, a ideia é tentar
expandir a utilização do mosquito transgênico. “Temos conversado com as
diferentes esferas do governo brasileiro para expandir a utilização do Aedes aegypti do Bem. Infelizmente, até agora, a
Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) não respondeu ao nosso pedido sobre
quais documentos devemos apresentar para poder pedir o registro comercial dele.
Com isso, nossas opções para ampliar o uso desta solução segura, eficaz e amiga
do ambiente se tornam mais restritas”, lamentou.
Com relação aos resultados por meio do uso desses
mosquitos, o diretor da Oxitec afirma que, além de Juazeiro e Jacobina, na
Bahia, o Aedes aegypti do Bem suprimiu o mosquito transmissor
da dengue em East End, nas Ilhas Cayman, com 96% de redução, e em Nuevo
Chorrillo, no Panamá, com 93% de redução.
Como funciona
Por meio da genética e biologia molecular, a Oxitec
inseriu um gene letal para criar uma linhagem de Organismos Geneticamente
Modificados (OGMs). Esses OGMs machos, quando liberados no campo, encontram
instintivamente fêmeas selvagens (responsáveis pela transmissão da dengue). Os
filhotes deste cruzamento morrem antes da idade adulta, o que resulta na
diminuição da população selvagem do inseto praga.
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical - Outubro de 2015.
Edição on line - www.sbmt.org.br
Show de bola.
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